Todos os caminhos
levam a Sé
Missa campal realizada em 1937 que mostra os primeiros alicerces daquela que seria o marco da grandeza do centro da cidade. |
Seria impossível contar quantas pessoas passam diariamente pelo centro
de São Paulo e que de algum modo visualizam a Catedral que ali se encontra.
Réplica de um estilo antigo que predominou na Europa, a Catedral, não somente
no nome, substituiu a igreja relativamente simples que fora construída na época
colonial e demolida no início do século XX para que no local um pouco mais
acima erigir-se um monumento digno da cidade que crescia vertiginosamente. Casas,
prédios e ruas desapareceram para que a arquitetura da nova igreja ou catedral fosse
grande o suficiente para abrigar o maior número de praticantes católicos e ao
mesmo tempo ser reconhecida como o marco da cidade. Lançados seus alicerces
muitas foram as campanhas da Igreja para financiar sua construção que no
exagero de detalhes refletia inconscientemente a diversidade de seu povo em
cultura social e econômica. Macacos, araras e símbolos tropicais substituíram
gárgulas e reis europeus. Alguns nichos, mesmo depois de inaugurada, permanecem
vazios querendo talvez mostrar que seu estilo é inacabado, diferencial ou
característica de uma cidade que muda radicalmente a cada década. Neste aspecto
é uma construção como querendo acompanhar essas mudanças com o elemento do novo
ao redor, que não preservado, encontra-se em risco de perder suas
características originais. A cidade é assim, grande, austera pomposa e ao mesmo
tempo vazia de consciência histórica motivada principalmente pela inercia de
seus habitantes que inconscientemente transitam pelas mesmas trilhas de seus
ancestrais índios e afrodescendentes.
Os caminhos da cidade levam à Catedral da Sé, que esperemos, volte a
simplicidade de uma missa dominical em que todos se reconheciam como
paulistanos conscientes de suas origens.
Texto: Iomar Travaglin
Projeto Digital: Tatiane Cornetti
Projeto Digital: Tatiane Cornetti