Patrimônio Histórico
O CASTELINHO DA RUA APA E O CASARÃO DO ANASTÁCIO
São Paulo cresce vertiginosamente. Pouco ou quase nada sobrou da segunda metade do século XIX que viu a cidade quadrupliar sua população em apenas dez anos. Mesmo sendo um país jovem em relação à cultura européia, com uma cultura diversificada em historia e arquitetura, falta muito para se ter a noção exata de referencia, abundante nas sociedades mais antigas. As reivindicações quanto à preservação de nosso patrimônio nem sempre são ouvidas, levando a crer, que importantes exemplares arquitetônicos de nossa cultura, infelizmente, tendem a desaparecer sem deixar vestígios.
Último vestígio de arquitetura tradicional da região de Santa Cecília, o chamado Castelinho, localizado na esquina da Rua Apa com a Rua são João, deveria ser preservado, está sob a tutela das autoridades que deveriam aplicar bem nossos impostos. É difícil entender como a construção possa estar tão deteriorada sob a custódia de duas instituições, uma a prefeitura (já que pertence à união) e outra a que está ocupando o terreno do edifício. Embora faça um trabalho social exemplar, poderia por isso, obter através de cobrança junto às autoridades, recursos para o que seria sua sede oficial inclusive com o nome da mulher e mãe que foi vitimada em suas dependências. A história do castelinho é conhecida no imaginário paulista já que ali em 1937 houve a morte não esclarecida de uma família composta de mãe e dois filhos já adultos. Após grande repercussão na mídia da época o caso ficou no esquecimento ao longo dos anos. Recentemente no programa Linha direta, exibido pela Rede Globo, em 2007, muitas informações surgiram na internet quanto à construção. Uma delas é de que foi construído em 1912 pelo patriarca da aristocrática família Álvaro dos Reis em honra de sua esposa Maria Cândida Álvares dos Reis que escolheu um castelo francês como referencia para a construção e a outra é a evidência que pode ter havido um tríplice assassinato que contradiz a inexplicável versão oficial de matricídio e fratricídio. Independente da triste história de seus moradores, o Castelinho é uma construção extremamente importante por apresentar um diferencial arquitetônico totalmente incomum em uma região deteriorada pela presença do elevado Costa e Silva, vulgarmente chamado minhocão, construído na década de sessenta em plena ditadura militar. Se não houvesse o Regime militar à época certamente não se teria construído o tal viaduto pela violência que representou a sua construção evidenciando a cumplicidade com o mandante da construção com esse módulo de governo. Muitas famílias foram desapropriadas e apesar de hoje ser importante fluxo de automóveis no caótico trânsito da cidade, vemos que toda a região é morta comercialmente e mesmo os apartamentos da região são desvalorizados devido ao barulho e a falta de privacidade que as construções do nível do viaduto são vítimas. Voltando a construção, localizada de esquina com a São João, a valorização da arquitetura é um valor de memória urbana imprescindível para uma cidade que busca uma identidade, que se conhecida, pode ajudar a estudantes e pesquisadores a entender um pouco o lugar que vive viabilizando projetos e embelezando sítios que podem valorizar a região.
Foto Castelinho da Rua Apa (1937)
Fotoblog - Piratininga, São Paulo, Sampahttp://sampa.sp.2004.fotoblog.uol.com.br/
Piratininga.org
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Fotoblog - Piratininga, São Paulo, Sampa
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Flickr: Massao
http://www.flickr.com/photos/massao/99236136
Informações sobre o casarão do Anastácio
http://portal.prefeitura.sp.gov.br/subprefeituras/sppj/dados/historico/0004
EXEMPLOS DE RUÍNAS DE NOSSA IDENTIDADE HISTÓRICA E ARQUITETÔNICA.
São Paulo cresce vertiginosamente. Pouco ou quase nada sobrou da segunda metade do século XIX que viu a cidade quadrupliar sua população em apenas dez anos. Mesmo sendo um país jovem em relação à cultura européia, com uma cultura diversificada em historia e arquitetura, falta muito para se ter a noção exata de referencia, abundante nas sociedades mais antigas. As reivindicações quanto à preservação de nosso patrimônio nem sempre são ouvidas, levando a crer, que importantes exemplares arquitetônicos de nossa cultura, infelizmente, tendem a desaparecer sem deixar vestígios.
Último vestígio de arquitetura tradicional da região de Santa Cecília, o chamado Castelinho, localizado na esquina da Rua Apa com a Rua são João, deveria ser preservado, está sob a tutela das autoridades que deveriam aplicar bem nossos impostos. É difícil entender como a construção possa estar tão deteriorada sob a custódia de duas instituições, uma a prefeitura (já que pertence à união) e outra a que está ocupando o terreno do edifício. Embora faça um trabalho social exemplar, poderia por isso, obter através de cobrança junto às autoridades, recursos para o que seria sua sede oficial inclusive com o nome da mulher e mãe que foi vitimada em suas dependências. A história do castelinho é conhecida no imaginário paulista já que ali em 1937 houve a morte não esclarecida de uma família composta de mãe e dois filhos já adultos. Após grande repercussão na mídia da época o caso ficou no esquecimento ao longo dos anos. Recentemente no programa Linha direta, exibido pela Rede Globo, em 2007, muitas informações surgiram na internet quanto à construção. Uma delas é de que foi construído em 1912 pelo patriarca da aristocrática família Álvaro dos Reis em honra de sua esposa Maria Cândida Álvares dos Reis que escolheu um castelo francês como referencia para a construção e a outra é a evidência que pode ter havido um tríplice assassinato que contradiz a inexplicável versão oficial de matricídio e fratricídio. Independente da triste história de seus moradores, o Castelinho é uma construção extremamente importante por apresentar um diferencial arquitetônico totalmente incomum em uma região deteriorada pela presença do elevado Costa e Silva, vulgarmente chamado minhocão, construído na década de sessenta em plena ditadura militar. Se não houvesse o Regime militar à época certamente não se teria construído o tal viaduto pela violência que representou a sua construção evidenciando a cumplicidade com o mandante da construção com esse módulo de governo. Muitas famílias foram desapropriadas e apesar de hoje ser importante fluxo de automóveis no caótico trânsito da cidade, vemos que toda a região é morta comercialmente e mesmo os apartamentos da região são desvalorizados devido ao barulho e a falta de privacidade que as construções do nível do viaduto são vítimas. Voltando a construção, localizada de esquina com a São João, a valorização da arquitetura é um valor de memória urbana imprescindível para uma cidade que busca uma identidade, que se conhecida, pode ajudar a estudantes e pesquisadores a entender um pouco o lugar que vive viabilizando projetos e embelezando sítios que podem valorizar a região.
Foto Castelinho da Rua Apa (1937)
Fotoblog - Piratininga, São Paulo, Sampahttp://sampa.sp.2004.fotoblog.uol.com.br/
Outro exemplo notável de esquecimento de construção histórica é o casarão do Anastácio, localizado na marginal Tietê, mais precisamente nas imediações da ponte Atílio Fontana, ponte Anhanguera. Em cima de um morro que domina a região, é impossível não observá-lo nos fazendo pensar o quanto poderia ser aproveitado para fins culturais e históricos. Totalmente em ruínas, faltando inclusive seu segundo pavimento inteiro, foi recentemente adquirido por grande empresa que pretende construir condomínios. Pelo que consta historicamente o tal terreno pertencia ao Coronel Anastácio de Freitas Troncozo, que depois de seu falecimento foi adquirido pelos descendentes e assim vendido ao Brigadeiro Tobias de Aguiar, cuja esposa Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos ali comparecia periodicamente. Não são conhecidas informações de sua construção, mas sabe-se que existem registros da formação do bairro da Lapa pela fazenda. Como costume na província foi construído com o método de taipas de pilão sendo a construção original demolida por volta de 1917. Reformada provavelmente na época da marquesa na segunda metade do século XIX. A fazenda do Anastácio está envolvida na história de São Paulo por via da Marquesa principalmente por compor o que hoje seria um reduto de Quilombo por honra de Domitila já que, segundo recentes descobertas, uma parte da região é composta por moradores que na sua origem poderiam ser protegidos da ilustre proprietária. Já que as terras da marquesa eram imensas e com certeza na sua origem delimitavam alguns bairros atuais da região. Domitila ao que se sabe era, além de abolicionista, admiradora da cultura afro-brasileira. Foi muitas vezes flagrada a “pitar” com os escravos que protegia. Embora sua construção não seja remanescente do século dezoito deveria, por história da região, fazer parte do itinerário histórico com restauração e preservação. Em 1920 a construção recebeu a fachada atual em estilo chamado missões ou hispânico para servir o Club House do frigorífico Armour como local de lazer e recreação para os funcionários desta empresa.
Devo dizer que quando me referi aos dos condomínios, não significa que sou contra o progresso ou ao desenvolvimento da cidade, e muito menos que prédios devam ser proibidos. O fato é que estes condomínios construídos matam as ruas com seus altos muros tirando muitas vezes toda a graça da comunidade. Talvez o Brás tenha sido a grande vítima dessa prática que juntamente com as desapropriações do metrô acabaram por matar o bairro. Hoje andar no bairro é ver grandes muros onde havia casas e relações humanas. Esses condomínios, os estacionamentos e as desapropriações do Metrô devem ser analisados pela comunidade para que essas práticas não prejudiquem a qualidade de vida. Incentivadas por apresentarem grande manancial de impostos os condomínios estão descaracterizando muitas comunidades residenciais.
Quanto às construções citadas devemos analisar as conseqüências quanto a nossa história e as modificações urbanas, pensando, que podemos entender melhor nossa cidade e seus problemas nas construções de outros tempos que devem ser preservadas por ordem de vários aspectos, sejam sociais, culturais e arquitetônicos. Indicaremos a titulo de ilustração um endereço eletrônico do presidente do grupo chamado Preserva São Paulo, Jorge Eduardo Rubies onde encontremos textos e fotos de locais que nos fazem pensar sobre o grande tesouro artístico que temos a disposição. Especial destaque para o Mosteiro de São Bento que apresenta um dos mais diversificados acervos, em termos de signos e referencias religiosas, que vão desde o Mouro, o egípcio e o bizantino. Veja também, neste site, foto que mostra rachaduras provocadas pelo metrô em belíssimo piso com inspiração bizantina.
Com esses exemplos devemos perceber que a cidade poderá se quisermos, não ser só moderna, será, além disso, uma grande referência futura em arte e qualidade de vida.
Devo dizer que quando me referi aos dos condomínios, não significa que sou contra o progresso ou ao desenvolvimento da cidade, e muito menos que prédios devam ser proibidos. O fato é que estes condomínios construídos matam as ruas com seus altos muros tirando muitas vezes toda a graça da comunidade. Talvez o Brás tenha sido a grande vítima dessa prática que juntamente com as desapropriações do metrô acabaram por matar o bairro. Hoje andar no bairro é ver grandes muros onde havia casas e relações humanas. Esses condomínios, os estacionamentos e as desapropriações do Metrô devem ser analisados pela comunidade para que essas práticas não prejudiquem a qualidade de vida. Incentivadas por apresentarem grande manancial de impostos os condomínios estão descaracterizando muitas comunidades residenciais.
Quanto às construções citadas devemos analisar as conseqüências quanto a nossa história e as modificações urbanas, pensando, que podemos entender melhor nossa cidade e seus problemas nas construções de outros tempos que devem ser preservadas por ordem de vários aspectos, sejam sociais, culturais e arquitetônicos. Indicaremos a titulo de ilustração um endereço eletrônico do presidente do grupo chamado Preserva São Paulo, Jorge Eduardo Rubies onde encontremos textos e fotos de locais que nos fazem pensar sobre o grande tesouro artístico que temos a disposição. Especial destaque para o Mosteiro de São Bento que apresenta um dos mais diversificados acervos, em termos de signos e referencias religiosas, que vão desde o Mouro, o egípcio e o bizantino. Veja também, neste site, foto que mostra rachaduras provocadas pelo metrô em belíssimo piso com inspiração bizantina.
Com esses exemplos devemos perceber que a cidade poderá se quisermos, não ser só moderna, será, além disso, uma grande referência futura em arte e qualidade de vida.
Iomar Travaglin
Tatiane Cornetti
Para saber mais... Associação PreservaSP
http://www.preservasp.org.br/Piratininga.org
http://www.piratininga.org/
Fotoblog - Piratininga, São Paulo, Sampa
http://sampa.sp.2004.fotoblog.uol.com.br
Flickr: Massao
http://www.flickr.com/photos/massao/99236136
Informações sobre o casarão do Anastácio
http://portal.prefeitura.sp.gov.br/subprefeituras/sppj/dados/historico/0004
Tatiane Cornetti/ Iomar Travaglin
2 comentários:
Nossa, achei o post de vocês muito bom.
Concordo que o progresso desenfreado e falta de respeito com a historia local matam o nosso passado e a cultura.
Achei muito boas as informações sobre o castelinho e o casarão do anastácio, são construções que eu sempre vejo e que vocês souberam falar bem, colocaram bastante informações.
Parabéns
Gostei muito de se falar na realidade, do que se encontra hoje patrimonios históricos esquecidos na escuridão, na vedade muitas leis que diz favorecer a conservação do patrimônio publico, estão na verdade pensando mais no lucro da propriedade ou talvez no lucro da multa.Duvido muito que o que aconteceu na AV Paulista na decada de 70 e 80, ninguem ficou sabendo (autoridades), ninguem ouviu nada, ninguem viu nada.Ou seja ninguem podia fazer nada para deter.Muitas vezes nossa lei desfavorece o lado bom e lógico da coisa dando preferencia ao que vale investir e ao que se tem mais lucro, se é particular eu não sei...Carlos Faria
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