26 de janeiro de 2015

Todos os caminhos levam a Sé

Missa campal realizada em 1937 que mostra os primeiros alicerces daquela que seria o marco da grandeza do centro da cidade.
Seria impossível contar quantas pessoas passam diariamente pelo centro de São Paulo e que de algum modo visualizam a Catedral que ali se encontra. Réplica de um estilo antigo que predominou na Europa, a Catedral, não somente no nome, substituiu a igreja relativamente simples que fora construída na época colonial e demolida no início do século XX para que no local um pouco mais acima erigir-se um monumento digno da cidade que crescia vertiginosamente. Casas, prédios e ruas desapareceram para que a arquitetura da nova igreja ou catedral fosse grande o suficiente para abrigar o maior número de praticantes católicos e ao mesmo tempo ser reconhecida como o marco da cidade. Lançados seus alicerces muitas foram as campanhas da Igreja para financiar sua construção que no exagero de detalhes refletia inconscientemente a diversidade de seu povo em cultura social e econômica. Macacos, araras e símbolos tropicais substituíram gárgulas e reis europeus. Alguns nichos, mesmo depois de inaugurada, permanecem vazios querendo talvez mostrar que seu estilo é inacabado, diferencial ou característica de uma cidade que muda radicalmente a cada década. Neste aspecto é uma construção como querendo acompanhar essas mudanças com o elemento do novo ao redor, que não preservado, encontra-se em risco de perder suas características originais. A cidade é assim, grande, austera pomposa e ao mesmo tempo vazia de consciência histórica motivada principalmente pela inercia de seus habitantes que inconscientemente transitam pelas mesmas trilhas de seus ancestrais índios e afrodescendentes.

Os caminhos da cidade levam à Catedral da Sé, que esperemos, volte a simplicidade de uma missa dominical em que todos se reconheciam como paulistanos conscientes de suas origens.

Texto: Iomar Travaglin
Projeto Digital: Tatiane Cornetti



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