Texto: Iomar Travaglin
Fotos: Tatiane Cornetti
Durante quase cem anos de sua
existência, o complexo do Hospital Matarazzo recebeu milhares de pessoas entre,
médicos, enfermeiras, pacientes (pessoas que se restabeleceram pessoas que ali vieram
a nascer e outras que ali tiveram seu ultimo suspiro). Histórias de uma cidade dentro da própria
metrópole. Quando desativado como centro de saúde no final dos anos de 1980 foi
abandonado e ainda foi palco de atividades artísticas por grupo de teatro que
ali realizou um desempenho elogiado e inusitado. Também artistas anônimos em seus muros e
paredes realizaram pinturas e pichações, mas, nada se compara com a exposição Made By... Feito por Brasileiros. Quase
um Louvre pela extensão o complexo se assemelha ao monumento francês por salas
e mais salas, antes direcionadas a saúde, exibindo hoje obras de arte e efeitos
especiais. O que talvez as pessoas não saibam é que o próprio Louvre, antes de
ser o centro cultural de hoje, já esteve decadente gerando protestos de
intelectuais como Voltaire que em outro contexto acreditava que aquele era
antes de tudo um monumento francês apesar de sua origem aristocrática. Sem entrar em devaneios de comparação, a
pergunta maior que se faz é a seguinte:
O que será do complexo Matarazzo depois dessa exposição? Salas inteiras foram transformadas em piscina com infiltramento de água propositado, sua bela escadaria de mármore imersa em água malcheirosa; a estatua do Conde Matarazzo, seu fundador, quebrada; seus outrora jardins devastados e sua capela, transformada em palco herético de uma instalação em meio à representações religiosas de culto católico. Se todo o espaço neste momento da Made by... Transpira decadência e abandono, como a própria exposição evidencia, será que este lugar histórico será preservado? Mesmo com a proposta de construção de um luxuoso hotel e centro de compras, a ausência de uma maquete, detalhe enigmático, o absurdo do destombamento e outras questões nos rementem ao que parece inevitável: mudança drástica da estrutura arquitetônica, ou o que é pior, demolição.
O Hospital Matarazzo entregue a sua própria sorte |
Falta de cuidado com nosso patrimônio (adaptação no piso mal realizado) |
O que será do complexo Matarazzo depois dessa exposição? Salas inteiras foram transformadas em piscina com infiltramento de água propositado, sua bela escadaria de mármore imersa em água malcheirosa; a estatua do Conde Matarazzo, seu fundador, quebrada; seus outrora jardins devastados e sua capela, transformada em palco herético de uma instalação em meio à representações religiosas de culto católico. Se todo o espaço neste momento da Made by... Transpira decadência e abandono, como a própria exposição evidencia, será que este lugar histórico será preservado? Mesmo com a proposta de construção de um luxuoso hotel e centro de compras, a ausência de uma maquete, detalhe enigmático, o absurdo do destombamento e outras questões nos rementem ao que parece inevitável: mudança drástica da estrutura arquitetônica, ou o que é pior, demolição.
Escadaria em mármore imersa em água malcheirosa |
Exagero? Refletindo sobre o
dinheiro que foi gasto para confecção da mostra, a empresa, não brasileira, o
apoio de patrocinadores de elevado apelo financeiro, e, irônico ‘feito por
brasileiros’ remete a triste constatação do lucro e suas consequências
mercadológicas. Quem conheceu o Hospital
quando de seu verdadeiro proposito e atuação e tem respeito pela nossa cultura
não deve levar a culpa pelo crime da demolição ou desfiguração pelas mãos de
pessoas que infelizmente não entendem que progresso pode ser a revitalização do
que é antigo.
Concluímos que a História e as
Culturas mundiais possuem um museu como o Louvre porque na França, não aqui, existe
verdadeiro domínio de sua identidade e, para isto, conta com apoio de sua
classe intelectual e artística.
Jardins devastados em função da exposição |
Capela, transformada em palco herético |
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Carta aberta
realizada pela associação PreservaSP sobre o Hospital Matarazzo www.preservasp.org.br/carta_aberta_hospitalmatarazzo
Fotos: Vicente Pires (inicio 2014)
www.facebook.com/media/set/?set=a.803093863049812.1073741843.211037382255466&type=3
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