9 de abril de 2009

Por: Tatiane Cornetti


O GLOBO JUVENIL
Um marco nas publicações infanto-juvenis do Brasil


O Globo Juvenil foi lançado em 12 de julho de 1937, no Rio de Janeiro, pelo editor Roberto Marinho, era uma publicação infanto-juvenil com histórias em quadrinhos que a princípio privilegiava o caráter recreativo com seus contos, passatempos, histórias fantásticas, premiações, etc. Teve uma grande importância, pois trazia sessões de conhecimentos gerais, bons costumes, fatores sociais, econômicos, políticos e culturais da época.
Na sua estréia e nos primeiros meses, o tablóide foi editado totalmente com quadrinhos comprados dos Estados Unidos e suas histórias eram adaptadas para a cultura nacionalista, na mesma época em que tanto se insistia nos caminhos autenticamente brasileiros para a solução dos problemas nacionais.
Mas o editor da revista tinha planos bem mais ambiciosos de expansão na área de histórias em quadrinhos. Marinho queria adquirir os direitos dos grandes personagens da King Features Syndicate.

A direção foi entregue a Djalma Sampaio, a quem caberia o cargo de secretário de redação das publicações infanto-juvenis do grupo O Globo. E para auxiliá-lo Sampaio chamou duas promessas do jornalismo e da literatura da época: Antonio Callado e Nelson Rodrigues.

Callado tinha a tarefa de fazer a revisão das histórias em quadrinhos, mas, na prática quem realmente fechava O Globo Juvenil era Nelson Rodrigues e sua função era justamente adaptar e reescrever as histórias provenientes dos quadrinhos estrangeiros.
Com Alceu Penna, um grande ilustrador brasileiro, Nelson Rodrigues fez a versão do clássico O Fantasma de Canterville, em 1938, para os quadrinhos. Seu traço fino e original fez da série um grande sucesso no O Globo Juvenil. Em 1941, produziram a versão de O Mágico de Oz para o tablóide.

Roberto Marinho manteve o formato de O Globo Juvenil até 1954, porém a necessidade de criar novas publicações sempre empolgou o editor do tablóide. Em 1942, é lançada uma versão de O Globo Juvenil (em formato de revista) com a capa colorida e com a qualidade melhor, essa versão passou a ser mensal trazendo histórias completas e circulou até 1962, a partir desse período, Marinho passou a investir em revistas isoladas para cada personagem.

PROJETO GRÁFICO “O GLOBO JUVENIL – 1937”
O Globo Juvenil é um tablóide, no formato aberto de (60 cm de largura por 42 cm de altura) e formato fechado de (30 cm de largura por 42 cm de altura). Com linha editorial voltada para o público infanto-juvenil. Nos dez primeiros exemplares era editado duas vezes por semana (às quartas-feiras e aos sábados).O suporte utilizado para a impressão é o papel jornal. A quantidade de lâminas ou páginas impressas são de 22 páginas (06 coloridas e 16 em preto e branco). O tipo de impressão utilizada era a litográfica, muito utilizada na década de 1930 aqui no Brasil. E podemos destacar a impressão de folhas frente e verso dobrado ao meio, característica de um tablóide ou caderno.As margens são: superior 2,5/ inferior 2,0/ direita 2,5/ esquerda 2,0 (cm), podemos relacionar essa redução das margens, no aumento do campo de composição. Conseqüentemente a mancha gráfica é de 25,5 de largura por 37,5 de altura (cm).O grid do tablóide foi dividido em cinco colunas.

Sua diagramação é, praticamente, no sentido vertical, respeitando toda a estrutura de zonas de interesse (centro ótico, sentido de leitura, etc).




Zonas de visualizações:
1. Primária;
2. Secundária;
3. Morta;
4. Morta;
5. Centro Ótico;
6. Centro Geométrico.












As capas eram ilustradas (ilustração central com legenda) e ricamente decorada com elementos gráficos, além de um espaço utilizado para apresentação da edição (texto).

Devemos destacar que a capa é o primeiro contato com o público. Todos os elementos devem ser tratados com importância, não só a ilustração principal como também a arquitetura do projeto, a escolha do tipo (as letras desenhadas especialmente para cada edição) e os elementos fixos(editorial, preço, assinatura, logotipo, etc.).











O logotipo do tablóide, sempre foi publicado no canto superior esquerdo, com quatro variações de cores nos seus primeiros dez exemplares.
“O GLOBO” era vazado com um retângulo colorido atrás.
“JUVENIL” preenchido com uma outra cor.




A escolha das famílias tipográficas num jornal, revista ou tablóide influi decisivamente no aspecto do mesmo. A decisão deve ser cuidadosa porque antes de ser lido, o impresso é olhado. Devemos também levar em consideração o público-alvo, isso talvez possa ser um fator importante nessa decisão.
No tablóide encontramos uma grande variedade de tipos impressos, juntamente com suas variações (inclinações, força, largura, estilos, etc), muitas vezes desenhados especialmente para a edição.





Os ornamentos gráficos (box, caixa de texto, fios, etc.) devem ser sempre utilizados de acordo com o padrão do projeto gráfico estabelecido. O bom aproveitamento desses elementos pode tornar a aparência do impresso mais agradável. No projeto gráfico do O Globo Juvenil podemos destacar:
Box: sem padronagem, utilizados para destacar algumas matérias;
Fios: nas divisões de pequenos textos, matérias e anúncios.

Os anúncios que aparecem no tablóide são voltados para o público infantil e juvenil, outros sem nenhum relacionamento com o público e muitos exclusivos do próprio tablóide, talvez servindo de uma espécie de curinga para o fechamento das páginas.



Também devemos apontar a utilização de fotografia, em algumas partes das páginas internas, matérias especiais, como por exemplo, a entrevista com o, então, presidente Getúlio Vargas, numa seção que se chamava “No tempo das calças curtas”


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Bibliografia:
SILVA JUNIOR, Gonçalo. A Guerra dos Gibis. São Paulo: Companhia Das Letras, 2004.
CAMARGO, Suzana. (org). A revista no Brasil. São Paulo: Abril, 2000.

Sites:
Almanaque Folha - acessado em 06/2008
Disponível em: http://almanaque.folha.uol.com.br/brasil30.htm

King Features Syndicate - acessado em 08/2008.
Disponível em: http://www.kingfeatures.com

Palavras-chaves: 1.O Globo Juvenil; 2.Infanto-Juvenil; 3.Projeto Gráfico.
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Um pequeno resumo do trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário SENAC para obtenção do título de Especialista em Design Gráfico.
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Tatiane Luzia da Costa Cornetti



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