10 de junho de 2009



Por: Mirela Terce

Tecnologia: qual a sua função?
Os filmes “Tempos Modernos” e “Matrix” buscam, cada um ao seu tempo, uma crítica voraz sobre a tecnologia, suas vantagens e o fino limiar entre homem e máquina. Criticam ainda, por meio das atitudes, comportamentos e situações dos personagens a estrutura da sociedade. Até que ponto a tecnologia pode trabalhar ao nosso favor?

Em “Tempos Modernos” temos o retrato de uma sociedade em crise, amedrontada pelas máquinas que surgiram com a Revolução Industrial e pelas mudanças que isso causou no cotidiano. A vida marcada pelo trabalho desenvolvido de acordo com as habilidades individuais dá lugar às máquinas, numa tentativa de reerguer a sociedade devastada e instaurar o capitalismo: mais produção, mais lucro. Nesse viés encontramos o personagem principal - um vagabundo, se confrontando com o novo sistema onde deve trabalhar tal qual um relógio, onde máquinas passam a substituir o homem, e o homem passa a realizar trabalhos puramente mecânicos. Com um humor crítico, o filme diz tudo através das imagens: o trabalho repetitivo, o pão roubado para sobrevivência, a singela amizade entre o vagabundo e uma menina de rua na tentativa de resgatar um pouco da humanidade e liberdade perdidas.

Já em “Matrix”, por meio de muita ação, sons, efeitos e um cenário totalmente tecnológico, o espectador perde a noção do que é real e do que é imaginário, o papel do homem se inverte com o papel da máquina, e o primeiro se vê tendo que lutar contra a própria criação em busca da liberdade. Com o surgimento da inteligência artificial, as máquinas se desenvolvem e passam a dominar o homem - seu criador. Neo, o escolhido, é resgatado por um dos poucos homens ainda livres (Morpheus) e treinado com o objetivo de libertar a humanidade, reduzida no período à matéria-prima de energia, como ele mesmo inicialmente. Por meio desse cenário, vemos representado o nosso tempo, numa crítica a própria tecnologia e ao verdadeiro sentido de ser humano.

A princípio a tecnologia surge para facilitar a vida do homem e trabalhar a seu favor. Entretanto, com o tempo e a comodidade que isso pode trazer, o homem acaba escravo dessa tecnologia. Cria cada vez mais objetos modernos, interativos, atraentes. Mas qual a sua função? Ajudar ou escravizar? Melhorar a vida da humanidade ou simplesmente ser mais um item de consumo para aumentar as vendas? Facilitar atividades ou tirar o emprego dos menos favorecidos pelo sistema? Provar a nossa inteligência? São muitas as perguntas que podemos fazer diante do cenário atual - e que vem se conformando desde os primórdios; onde novas tecnologias surgem e novos aparatos são criados a cada instante. Mas cabe aqui também uma reflexão: será possível temer ou culpar objetos da nossa própria criação por falhas existentes na sociedade? É preciso voltar à essência e ver o homem como o ser pensante, humano e único responsável pela transformação social.

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